Novo Antibiótico Clovibactina promete revolucionar o combate a superbactérias

Um avanço significativo na luta contra as superbactérias foi alcançado com a descoberta de um novo antibiótico, a clovibactina. Originária de uma bactéria chamada Eleftheria terrae, coletada no solo da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, a clovibactina mostrou-se eficaz contra superbactérias sem induzir resistência adicional. O estudo, publicado na revista Cell, destaca a urgência de novos antibióticos que atuem de maneiras inovadoras para combater bactérias resistentes.

A pesquisa aponta que a clovibactina é um antibiótico quimicamente inovador, proveniente de bactérias de “matéria escura”, microrganismos que nunca foram cultivados em laboratório anteriormente. Markus Weingarth, autor do estudo, afirma que o medicamento é “não tóxico em modelos animais e mais eficaz do que a vancomicina”, um antibiótico padrão-ouro frequentemente usado para tratar infecções bacterianas resistentes.

Diferentemente de antibióticos convencionais que atuam interrompendo a formação de paredes celulares bacterianas, a clovibactina age de forma única. Ela envolve as moléculas das bactérias em uma espécie de gaiola, tornando difícil para os patógenos se modificarem e desenvolverem resistência. Este mecanismo de ação é especialmente relevante, considerando que a resistência a antibióticos é uma ameaça global crescente, responsável por cerca de 1,3 milhões de mortes em todo o mundo em 2019.

O estudo também marca um avanço metodológico. Tradicionalmente, cultivar bactérias como a Eleftheria terrae era um desafio, devido às suas necessidades nutricionais específicas e à presença de micróbios simbióticos no solo. No entanto, os pesquisadores desenvolveram um dispositivo que recria as condições ideais para o crescimento desses microrganismos, permitindo a cultura da bactéria e a subsequente descoberta da clovibactina.

A equipe de pesquisa já está considerando os próximos passos, que incluem ajustes químicos na clovibactina para aumentar sua eficácia antes de iniciar testes em humanos. Este avanço representa não apenas uma nova arma contra superbactérias, mas também abre portas para o estudo de microrganismos anteriormente inacessíveis, ampliando o horizonte de descobertas no campo dos antibióticos.

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