Uma inovação brasileira para o diagnóstico e tratamento não invasivo do carcinoma basocelular, o tipo de câncer de pele mais comum no Brasil e no mundo, foi recomendada para incorporação ao Sistema Único de Saúde (SUS) pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec). A terapia fotodinâmica, desenvolvida por pesquisadores do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF), sediado no Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC-USP), oferece uma alternativa de baixo custo e fácil produção.
O dispositivo utilizado na terapia, fabricado pela empresa MM Optics, é composto por um aparelho que melhora a visualização do câncer de pele, aumentando o contraste das margens da lesão. Após a identificação da lesão, uma pomada à base de metilaminolevulinato (MAL) é aplicada no local. Após três horas, o composto é absorvido pelas células tumorais e dá origem à protoporfirina, um pigmento fotossensibilizante. A região é então irradiada por 20 minutos com uma fonte de luz LED vermelha, ativando a protoporfirina e desencadeando uma série de reações que eliminam as células tumorais, preservando os tecidos saudáveis.
Os ensaios clínicos para a validação da técnica foram realizados em 72 centros de saúde em todo o país. Os resultados mostraram que o tratamento foi capaz de eliminar cerca de 85% dos tumores, sem efeitos colaterais, causando apenas leve vermelhidão no local e sem a formação de cicatriz. Um novo protocolo desenvolvido pelo grupo, com as duas aplicações em uma única sessão clínica, atinge a eliminação de 93% dos tumores.
A Conitec observou que a terapia fotodinâmica apresenta bons resultados para pacientes com câncer de pele não melanoma do tipo carcinoma basocelular superficial e nodular e que ela se mostra como alternativa segura e eficaz para os casos em que a intervenção cirúrgica não é recomendada.
A decisão final sobre a incorporação da tecnologia ao SUS será do secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Complexo da Saúde do Ministério da Saúde (SECTICS/MS) e será publicada no Diário Oficial da União (DOU). Se aprovada, esta será a primeira demanda de uma universidade para incorporação de uma tecnologia ao SUS, marcando um caso de sucesso de inovação tecnológica no país.
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